quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Baralhada Ordem.

Baralhada Ordem.

Grave ruído.
Contínuo ruído.
Trem’a terra.
Terrível tremor.
Ou canto d’entranha.
Terra que canta
cantando mostra.

Espantado ruído.
Qual seja?
Pássaros qu’ouvem
ruído de terra,
de terra que treme,
que tremendo canta.
Ruído de espanto.
Fogem caça
e caçador.

Deslizante ruído.
Mudo quase.
Nervoso deslize.
Que deslize?
De serpente,
que ross’a terra
e a pressente.
Qu’a ouve sem ouvir.
Desliz’a serpente
e seu encantador.

Brutal ruído.
Esmagador.
De que brutal?
Que esmaga?
Esmaga terr’e gente.
Esmag’a serpente.
Sem ouvir ouviu.
E d’ouvir agiu:
maremoto.

Terra que ruge.
Pássaro qu’ouve.
Serpente que sente.
Gente que pensa.
Mar que reage.
Alguns ouvindo,
outros sentindo,
alguns reagindo.

Esse grave ruído.
Contínuo ruído
de terra que treme.

Estranh’união
à terra que treme.

Destruição ou criação?
ser ou Ser?
Gota ou mar?
Infern’ou paraíso?

Nada absurdo
no grave ruído,
na terra que treme.
Destruind’constroi.
Baralhando ordena.

Ruído de terra.
De terra que treme.
Absurdo: nada.
Quand’à terra tornar
e o grave ruído
nada absurdo
de mim e si
ruído for.

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