terça-feira, 2 de novembro de 2010

D.

A primeira estrofe é do poeta Luís Ene. Uma amiga ma apresentou. E sem querer dei por mim a continuá-la. Levado por onde imaginação e desejo levaram. Foi estranha, a sensação que tive no fim. Estou habituado a escrever de mim para outras pessoas. Estou habituado a escrever para mim. Nunca escrevera como se escrevesse de outra pessoa para mim.
Obrigado ao Luís Ene que me autorizou tal abuso: começar a minha escrita a partir da sua. Assim me disse: “esteja à vontade, a poesia nunca precisa de autorização para acontecer.”


D.

“Despe-me
ou deixa que eu me dispa
e depois
veste-me
pouco a pouco de carícias.”

***

Olha-me.
Em meu corpo tu me vês
em olhos
vestindo
sofrimento que escondo.

Viste-o.
Ess’eu qu’eu tanto oculto.
Despe-te:
agora.
Pouco a pouco te vestirei.

Agora,
que já despido eu te hei:
visto-te.
Vestes-me:
tu, o que despida me hás.

E aí,
no toque de tua pele:
sinto-me.
Sentes-te:
em toque de pele minha.

E sou!
Porque minha a pele tua:
faço-me.
Fazes-te:
porque já minha tua é.

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